quarta-feira, maio 24, 2006

poder aceitar


Ela estava cansada de procurar alguém que se moldasse aos seus padrões. Para ficar com ela o candidato teria que aceitar imposições, apontamentos que seriam fundamentais em um homem. A menina (ela ainda não tem nome) não queria namorar, ou ainda não estava preparada. Por isso, bradava aos quatro ventos que precisava da liberdade. Sensação conquistada, acreditava ela, depois de muita dor e sofrimento, além de grande parcela de auto-estudo e superação. Essa liberdade era colocada em um pedestal, como um grande presente que ofertou a si mesma, como uma taça, pois ela havia vencido uma grande batalha ao se desprender das amarras. Um dos quesitos para não afetar ou ferir a liberdade era que o candidato (por suposto) deveria aceitar um relacionamento open bar. Os dois estariam juntos, mas poderiam ficar com quem quisessem. Grande equação de liberdade, não acham? E então aquele ser pensante apareceu na vida dela. Reapareceu seria mais adequado, já se conheciam há tempos. A vontade também existiu num passado não tão distante, mas foi abafada... os dois eram comprometidos. Ele era comportado, e insistiu muito até o primeiro contato. Um dia ela se rendeu. Não sem certo receio, pois o medo maior era estragar a amizade. Mas rendeu-se. Até hoje quando fecha os olhos pode relembrar todas as incríveis sensações que aquele beijo proporciona. São inexplicáveis, maravilhosas... incessantes e viscerais. Dessa vez ela estava apaixonada, como sempre lutou para não estar, porque para ela a paixão era sinônimo de perder as rédeas, aquelas que havia demorado tanto a conquistar. Mesmo apaixonada, ela deixou um terceiro homem entrar em sua vida. "Assim deve ser, assim devo agir, ficando com as pessoas que realmente quero ficar", argumentou para si e para todos os outros que quisessem ouvir. Racionalmente, ela queria ficar com os dois, e essa era a equação perfeita da liberdade que tanto queria testar e buscar o resultado. Mas tudo o que sentia ia contra essa equação, que de matemática não tem nada. Os dias passavam, um após o outro. O sol nascia, depois a lua chegava. Ela continuava com os dois, mas gostava apenas de um. Não entendia porque era tão difícil ouvir seu coração, e continuava ficando com o que menos gostava, ou até posso dizer com aquele que não gostava. E a verdadeira paixão continuava impregnando seu confuso coração. Mas aquele com quem ela realmente se importava não gostava destas condições impostas. Preferiu se afastar, preferiu ser fiel aos seus sentimentos. O tempo passou e ela demorou para tomar uma decisão: continuar com quem estava insatisfeita ou aceitar que estava apaixonada de verdade, como nunca queria estar. Mas ela aceitou. E contou para aquele homem tudo o que realmente sentia. Mas era tarde, não adiantava mais, agora ele não estava mais disposto. Foi nessa hora que ela aprendeu. "A verdadeira liberdade está em deixar seu coração e sua vontade mostrarem o que querem. Depois que os sentimentos vêm à tona, faça o que sente ser correto, faça o que você quer de verdade." É, mais uma equação está montada... Será que o resultado será facilmente encontrado?