sexta-feira, janeiro 27, 2006

ditosos..

Foi por causa de uma sessão de terapia que tive o interesse de ler "Luxúria - A casa dos Budas ditosos", do Ubaldo. Já tinha ouvido falar sobre o livro, na verdade somente o nome, e não o conteúdo. Então depois daquela sessão, talvez uma das que mais tenham mexido com meus neurônios, dado nós ou um bloqueio nas sinapses e me feito pensar que nessas de liberdade eu tinha feito uma bela duma merda, eu saí correndo na chuva. Desesperada. Coração batia forte. Nunca me esqueço do que senti, nem me importei com a chuva, que molhava meu rosto, meus cabelos, minha roupa. Eu só queria o livro, porque achava que nele encontraria respostas. Engraçado como certas coisas em diferentes situações podem ter conotações totalmente paradoxais. No profile do orkut de uma pessoa eu tinha raiva desse livro, achava que por aquela pessoa ter lido deveria ser uma bosta. Mas naquela hora era minha salvação, e eu nem sabia do que se tratava o bendito. Sim.. Bendito que chegou a minhas mãos e olhos.
Comprei e na volta para casa, sempre que parava o carro em um sinal de trânsito aproveitava para dar uma lida. Leitora voraz. Leitora gulosa daquela literatura escrachada, mas deliciosa.
Levei uma semana para terminar a leitura, isso no meu caso é rápido. Ainda sou daquelas que demora para ler, embora ache que a rapidez não significa qualidade, queria ler mais rápido para poder ler mais livros, saber mais. O enredo é ótimo. Não se sabe se saiu da cabeça de Ubaldo, ou se são as verdadeiras histórias de uma mulher sem pudores, sem medo, sem-vergonha, mas que me perdoem os puritanos, uma puta sem-vergonha DELICIOSA. Comigo a pessoa que escreveu o livro atingiu o objetivo... Quem leu sabe qual era ele. E quero então apresentar algumas das passagens que mais me marcaram. Foram no fim da leitura, fechamentos, conclusões, que para mim caíram como uma luva. O chapeú serviu, ele era do diâmetro exato da circunferência da minha cabeça.

"Excetuando casos graves de doença mental, todas as mulheres gostam de mulher também, em graus variados ou até especializados, do mesmo jeito que todo homem gosta de homem, faz parte da constituição de nós todos, ninguém nasceu com papel sexual rígido, todo mundo é tudo em maior ou menor grau, o resto é medo de fantasmas ridículos e absurdos, que nunca se sustentaram nas suas pernocas de névoa." - Ubaldo ou CLB.

A outra parte, um pouco maior, fala sobre paixões. Um tema recorrente na vida de todos nós seres humanos, que nos apaixonamos sempre, e a cada segundo. Vejam que comparação agradável:

"Nunca me deixei engambelar por essas baboseiras que nos impingem como fazendo parte da natureza humana. Não se pode estar apaixonado por duas pessoas ao mesmo tempo, meu Deus, quanta gente morreu e morre todos os dias por causa desse dogma babaca, que é tão arraigado que a pessoa, homem e, principalmente, mulher, que está ou é apaixonada por dois, ou três entra em conflitos cavernosíssimos, se remói de culpa, se acha um degenarado, não confessa o que sente nem às paredes, impõ-se falsíssimos dilemas, se tortura, é uma situação infernal e cancerígena, todo mundo lutando estupidamente para ser quixotes e dulcinéas. É o atraso, o atraso! Em tese, somos capazes de nos apaixonar por tantas pessoas quantas sejamos capazes de lembrar, o limte é este, não um ou dois, ou três, ou quatro, ou cinco, ou dezessete, todos esses número são arbitrários, tirânicos e opressores. ... A superstição perniciosa generalizada é que é preciso deletar o anterior, para aceitar o novo. Que pobreza, que pobreza, que pobreza, que atraso! Se a memória aceita, se o perfil confere, se a senha foi dada, roda os dois programas ao mesmo tempo, roda os três, roda os vinte, porra! ..."

E por aí vai..

domingo, janeiro 22, 2006

como é gostar


Uma e meia da manhã. Sem-vergonha, deveria estar dormindo para acordar cedo e acabar o trabalho que estava pela metade. Mentirosa, o trabalho estava a menos da metade, e ela estava ferrada. Mas mesmo assim ela não levantava da cadeira para dormir. Preferia ficar naquela relação virtual com o cara. Ele que ela nunca imaginou ser daquele jeito, e quando o viu pela primeira vez só racionalizou a atração. Teoricamente nada nele poderia atrair a garota das unhas eternamente vermelhas. Mas mesmo assim, ela sentia carinho por tudo nele. Aquele jeito dele nunca olhar a vida como ela. Aquela esperança de que tudo poderia ser melhor. As rugas de preocupação, que teimavam em sempre aparecer no rosto dele, e também dentro do cérebro, e até mesmo no coração. Porque ele se preocupava, com tudo, com nada, com a intensidade e com o medo. Mas naquela noite ele disse: "tb te curto". a janelinha piscou e estavam lá as palavras que qualquer pessoa sente felicidade em ouvir: eu gosto de você. Ela também gostava dele. Ele era a pessoa que ela sentia mais afeto naquele momento. Não só naquele momento, mas naqueles últimos tempos. Todos tentavam chamar atenção dela, incessantemente. Mas quem não tentou brilhar mais foi o que ela viu brilhando. Só que ela nunca imaginava que os sentimentos seriam fortes ao ponto de fazer os lábios se tocarem, e que se isso de fato rolasse, que ia prosseguir. A forma como gosta dele é a forma mais bela, do jeito de quem deixa o amor livre. Amor.. amor.. amor.. Para aquela menina dos olhos especiais era muito fácil encontrar o amor nas coisas. Mas para ele o amor era raro, grande, secreto. Tão diferentes, as opiniões. Mas tão iguais, que na hora em que se encontravam era como se o tempo parasse. Olhar nos olhos dele é bom, e muitas outras coisas além também são. Sentada na cadeira ela não imagina como essa história vai desenrolar, e ela também faz questão de não saber, porque esse momento é bom. Ter o gigante sem tê-lo na verdade.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

é assim


sentada na cadeira ela pensava. pensava nos últimos acontecimentos. lembrava das cenas, e reviver tudo aquilo sempre trazia uma sensação de prazer. era como se todas as células do corpo entrassem em ebulição. e ela sentia em cada centímetro as células se movendo. mas não era só isso, porque não era uma sensação muito explicável, era só uma coisa para se sentir, aprender a sentir com a maior intensidade possível. "feche os olhos e sinta que estou ao teu lado.. meus pensamentos são teus nesse momento." estava radiante, mas tinha receios. eram tantas colocações em comum, eram tantas verdades que ele adivinhava, e ela não entendia como, mas ele sabia de tudo. tudo, tudo e tudo. "teus olhos" ele dizia. "dentro dos teus olhos está o que eu preciso .. e eu vejo você atrás da porta, e aquela é a minha única saída!"
mas questionamentos estavam por toda a volta dela..